Minha mãe, iluminada,
Comigo no ventre,
Embarcou com meu pai
No trem do destino
Num vagão de segunda classe,
Onde comecei a viagem.
E seguimos pela ferrovia,
Pelos trilhos da vida
Varando o sertão,
Atravessando pontes
Da minha infância,
Arrastados pela locomotiva
Dos sonhos e esperanças.
Ainda menino, fiquei só,
Nessa viagem de ida,
Quando minha mãe e meu pai
Desembarcaram
Pra pegar o trem de volta
Pro meu chão distante
Do meu tempo de menino.
E o trem do destino,
Foi varando os túneis do tempo,
Fazendo escalas nas estações,
Da minha juventude,
Enquanto o cinzel do sofrimento
Foi talhando na minh'alma
A partitura triste da solidão.
E a brisa das ilusões
Foi enrugando meu rosto,
Entristecendo meus olhos,
E me envelheceu,
Embora, a vida, mesmo doída,
Sempre me pareceu bela e eterna
Nessa viagem do trem do destino.
Nas plataformas, observei a vida em vão
Das pessoas apressadas que vem e vão
Embarcando e desembarcando nesse trem.
Depois, já fim de viagem, vejo cruzarem minha janela,
Vagões voltando abarrotados de saudades,
Enquanto arrumo minha mala
Pra descer na última estação.
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