Recolhem do espaço
Mantas de nuvens
E cobrem os barcos
Ancorados no Porto.
Ao doce ninar
Do balanço das ondas
Que se quebram
Nas pedras
Desse cais antigo
Que existe
No meu peito,
Os barcos adormecem
Nesse mar de mim.
Asas de gaivotas
Em revoada,
Como pincéis macios,
De lembranças e sonhos,
Vão pintando ao longe
O céu e o mar
Com todas as tintas
Das últimas luzes
E das primeiras sombras
Da saudade.
Então, absorto,
Fico a cismar,
O horizonte em arco,
As sombras dos barcos,
Enquanto, lentamente,
Num último movimento,
Um guindaste do Porto
Embarca o sol no porão.
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