quarta-feira, 17 de julho de 2013

Anoitecer

Mãos de sol
Recolhem do espaço 
Mantas de nuvens 
E cobrem os barcos 
Ancorados no Porto.

Ao doce ninar
Do balanço das ondas
Que se quebram 
Nas pedras 
Desse cais antigo
Que existe 
No meu peito,
Os barcos adormecem
Nesse mar de mim.

Asas de gaivotas 
Em revoada,
Como pincéis macios,
De lembranças e sonhos,
Vão pintando ao longe
O céu e o mar
Com todas as tintas
Das últimas luzes 
E das primeiras sombras 
Da saudade.

Então, absorto,
Fico a cismar,
O horizonte em arco,
As sombras dos barcos,
Enquanto, lentamente,
Num último movimento,
Um guindaste do Porto
Embarca o sol no porão.









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