domingo, 12 de novembro de 2017

Teus braços - meu porto

Estou  só  neste   instante,
Neste  meu  barco que vai
E sonho um sonho distante
No  fim  da  tarde  que  cai.

Eu  fico   assim  absorto,
Triste   nauta  a    cismar
Na ilusão de ver  o porto
Para    depois    ancorar.

Mas  esse  porto-saudade
Que aos poucos me invade,
Não  é  terra  , não  é  mar

São  teus  braços  abertos
Que   eu  sinto bem   perto
Vindo    pra    me   abraçar.

SOLITUDE

Espinho que morde a carne,
Verme que come o cerne,
Chama que queima e arde,
Fuga de um covarde.

...........Solidão...................

O fundo estagnado do poço,
Navalha cortando o pescoço,
Dor de silêncio dormido,
De arame furando o ouvido.

...........Solidão...................

Nervo ,   faca de corte,
Dilacerar de chicote,
Corpo morto em pedaços,
Noite...espelho...estilhaços.

............Solidão...................

            Solitude

............Só de tudo.............




segunda-feira, 3 de julho de 2017

Meninas


Meninas que olham
A luz,
À sombra,
O sol,
As estrelas,
A chuva,
A Lua,
As uvas,
As ruas,
O céu,
As matas,
Os animais,
Os peixes,
As aves,
O arco-íris,
Iris dos meus olhos.

Meninas!
Que não vêem o vento,
Que não vêem o tempo,
O silêncio,
A solidão.
Meninas,
Como são belos seus sorrisos,
Que irradiam alegria e luz
Sobre esse momento
Triste dentro da noite.

Meninas que olham 
0lhem nos meus olhos 
As lágrimas que me cegam,
Mas não sintam minha dor.
Meninas,
Meninas dos olhos,
Só olhem,
Só orem por mim...


sábado, 1 de julho de 2017

Praça Nossa Senhora da Paz (RJ)


Que paz
Que faz
Na Praça 
Da Paz!

E a brisa
Deslisa,
Suspira
Na lira
Da tarde
Que arde 
De Sul
E de Sol.

E as gentes
"Paz-cientemente"
Se calam
Ou falam 
Da sorte
Ou da morte,
Dessa vida
Doida e doída.

E  o    tempo
E o vento
Iluminam o amor
Enxugam a dor
Dessa gente 
Que vem
Dessa gente 
Que vai.

Que paz
Que faz
Na Praça
Da Paz!



Vôo


A vela
Vale-se do vento
E vai...
 
A vida 
Vale-se do tempo
E vai...

A ave
Suave, levitando leve,
Vai...

Eu, nesse único vôo,
Em direção ao nada,
Vou...

Arrulhos



A rolinha rola pela manhã,
Rolinhando e arrulhando,
Como um carrinho de rolimã
Em que o menino desce correndo
Pela rampa das cores do arco-íris.

E avoando pelos ventos do dia
Flutua como bola de sabão
E se perde no infinito da galhagem.
Depois volta volupiando nos raios de sol. 

E pousa.

Pensativa, vem vindo,
Passo a passo,
No compasso do tempo,
Pisando leve como pena,
Ciscado na poeira do chão .

É assim vai beliscando
Insetos e sementes da vida.
Perto de mim, voa pro ninho...
E se aninha no meu peito,
Arrulhando o canto triste da saudade...

quarta-feira, 26 de abril de 2017

A dor da idade



Na   minha   idade,
Olho    para    trás,
Me dói a  saudade
Que o tempo  traz.

Esse tempo ingrato
Que, lento, me leva,
Rasga meu  retrato
E da  luz  faz  treva.

Dói,  e   como   dói
Essa  mó que moe
Os  cacos da  vida.

Dói  dentro  de mim
Dor da morte, enfim
A  dor   mais  doída.




Marasmo



No meu pensamento a vida anda,
E  nada   no  Canal  de   Camburi,
Enquanto só, no canto da varanda,
Apenas   o    silêncio   me    sorri.

Rajadas de chuva pintam  a noite
Cinzenta,  na  Ponta   do Tubarão.
Venta  um  vento  forte  em açoite,
No meu rosto e no  meu  coração.

Relâmpagos  clareiam  mais  e   mais
As ondas brancas que rolam na praia
E se quebram no meu peito...meu cais.

Esse  cais   onde  agora   me  ponho:
Cais-solidão. Deus! Faça que não caiam
Um  por um, afogados, meus sonhos.

O Canto da Tabuada



              Depois de um longo tempo em silêncio, retorno, trazendo no colo, pra vocês, buquês com flores de saudades, desenganos, ainda viçosas, e outras de sonhos, já murchas.

É assim que conta as contas dos minutos, o poeta Ademar Tavares em seu Canto da Tabuada.


A sala... A lousa trincada em meio,
A mestra... O estudo da meninada...
Batia o sino para o recreio,
Soava o canto da tabuada:

Um e um, dois
Dois e um, três
Três e um, quatro
Quatro e dois, seis...

Como vai longe... Passam-se os anos,
Morrem-me os sonhos, chega a geada...
E eu vou contando os meus desenganos,
Como no canto da tabuada:

Um e um, dois
Dois e um, três
Três e um, quatro
Quatro e dois, seis...