domingo, 29 de dezembro de 2013

As 365 ilhas de Angra dos Reis

Longe...  Do  Aquidabã...
Com fios de luz que brilham
É Deus que tece a manhã
De Angra, com bilros de ilhas.

Na magia de seus dedos,
Deus vai tecendo a renda
Que envolve os segredos 
De tudo o que diz a lenda:

Que um ano tem tantos dias
Quantas ilhas Angra tem;
Se bissexto, mais um dia,
E é outra ilha que vem.

A ilha de Cataguazes,
A do Bonfim e a Gipóia,
Quantas lembranças me trazem!
Quanta saudade me bóia!

Botina e Pingo d'Água,
Francisca e São João,
Hei de afogar minha mágoa
Nas águas dessa ilusão.

E essas ilhas são tantas
Que o poeta se extasia,
E de joelhos então canta
Em prece e em  poesia:

Angra, Deus tece teu manto
De tanta luz e beleza marinha,
De tantas cores, paz e encanto
Que te faz dos reis a Rainha.

Nau da paz

Um   navio   nasce   no  fim   do   mar
E vem com o céu suspenso no mastro,
Em  busca  de   um porto pra  chegar,
Pisando as ondas, riscando os astros;

E,  enorme,  maior   que  o  espaço,
Navega nos meus olhos lentamente
Como  um  sonho cinzento, de aço,
Que me  fere  a  lucidez  da  mente.

E  no  delírio  bom de um momento,
Vejo,  entre  o  mar  e o firmamento,
Uma   nau    abarrotada    de    paz;

Não vem da guerra, vem da esperança,
E, em vez de  guerreiros, traz  crianças,
Para  ancorar  na  Terra:  imenso   cais.

Dia de Natal

No  Natal,  às  vezes  penso:
Quanto vinho, quanta  fome!
Terá  Deus  perdido o senso,
E pecado ao nascer homem?